A radiação ultravioleta (RUV) é responsável por
diversos efeitos à saúde humana.
Há uma longa lista de efeitos biológicos, agudos
ou crônicos, produzidos pela RUV em humanos. Os efeitos agudos surgem alguns
minutos ou horas após uma exposição. Pode ser um benéfico como a produção de
vitamina D, que resulta exclusivamente da exposição à radiação UVB, ou
malefícios como eritema, bronzeado, imunossupressão, edema, danos à córnea, à
retina e ao DNA resultantes da exposição excessiva à RUV. Os efeitos crônicos
surgem em longo prazo na forma de doenças como o câncer de pele, a
imunossupressão, o envelhecimento precoce da pele. Eles resultam do acúmulo de
dose de RUV ao longo dos anos em exposições que não necessariamente foram
excessivas. Embora o UVB seja o principal causador desses malefícios, hoje se
sabe que o UVA tem também uma importante contribuição.
De todos os efeitos produzidos pela exposição à
RUV, o eritema é o mais simples, imediato e evidente. O seu aparecimento
depende do tipo de pele e de quanta radiação ela recebeu. Uma classificação
baseada principalmente no tipo de pele mostra a capacidade de alguém
desenvolver um eritema elou bronzeado a partir de uma
exposição à RUV
A exposição à RUV é a principal causa de câncer
de pele. Esse malefício em geral o mais temido dentre os efeitos da RUV e pode
ser dividido em duas categorias Não-Melanoma (NM) e Melanoma (M) Segundo
previsões do Instituto Nacional de Câncer (INCA, 2007), o câncer NM deve
representar pelo menos 25% dos casos novos de câncer no Brasil em 2008.
Contudo, essa neoplasia possui alto índice de cura completa quando
diagnosticada e tratada de forma adequada. Os tipos mais comuns de câncer NM
são ocasiona basocelular (CBC) e o carcinoma epidermóide. Ambos são mais comuns
em pessoas de pele clara, ocorrendo com maior frequência em regiões do corpo
rotineiramente expostas ao Sol como face, braços, mãos, pescoço e áreas
adjacentes.
Até recentemente a vitamina D tinha seu papel de
agente benéfico definido pela promoção da saúde do tecido ósseo, evitando o
raquitismo na infância e a osteoporose na idade adulta contudo, estudos
epidemiológicos desencadearam uma torrente de novas investigações e debates em
torno da possibilidade dessa vitamina atuar como um preventivo contra alguns
tipos de câncer, esclerose múltipla, artrite, hipertensão, resistência à
insulina e doenças periodontais. Além disso, pacientes com câncer tipo M que
tiveram mais exposição ao Sol apresentam maior resistência à doença, o que se
suspeita seja também um efeito de uma maior concentração de vitamina D no
organismo. Ainda não há um estudo sistêmico que explique essas observações e
comprove a eficácia da vitamina D.
Contudo, isso sugere um tempo ideal de
exposição à RUV que garanta os benefícios de uma concentração adequada de
vitamina D no organismo em inimize os diversos malefícios provenientes da
exposição crônica é claro que esse tempo ideal é função da incidência local de
RUV. A vitamina D é produzida a partir das pré-vitaminas 03 e 02 A produção da
primeira é induzida pela incidência de radiação UVB na pele e representa a
principal fonte de vitamina D para o organismo. Ela pode ser obtida ainda pelo
consumo de peixes oleosos contendo o ácido graxo ômega- 3. A pré-vitamina D2 é produzida em vegetais a partir
também da incidência de RUV e só pode ser obtida por ingestão. Então, como o
UVB é a principal fonte de vitamina D, a produção da mesma no corpo humano
passa a depender dos mesmos fatores geográficos, astronômicos e atmosféricos
que modulam a incidência dessa radiação. Assim, por exemplo, em latitudes
superiores a 50º não há produção de vitamina D no organismo durante o inverno.
FOTOENVELHECIMENTO
Trata-se de processo
cumulativo que depende do grau de exposição solar e da pigmentação cutânea. A
pele envelhecida pelo sol apresenta-se amarelada, com pigmentação irregular,
enrugada, atrófica e com telangiectasias além de aumentar o grau de elastose
cutânea, isto é, as fibras elásticas formam uma espécie de cicatriz embaixo da
pele, fazendo a sua superfície perder a textura normal e ter uma aparência mais
pesada. É como se houvesse uma fibrose sob a pele tentando suportar a agressão
causada pelo sol, consequentemente ocorre o aparecimento de rugas profundas e
flacidez acentuada ao mesmo tempo.
As alterações morfológicas
resultantes do fotoenvelhecimento são diferentes das do envelhecimento
intrínseco, as alterações provocadas pelo fotoenvelhecimento são várias na
epiderme, notam-se o adelgaçamento da camada espinhosa e o achatamento da
junção dermoepidérmica os queratinócitos ficam envelhecidos e tornam se mais
resistentes a apoptose ficando susceptíveis a mutações no DNA o que pode tornar
a célula cancerígena.
Os melanócitos também reduzem alterando a densidade
melanocitica o que favorece o surgimento de efélides, hipomelanose, lentigos e
nevos.
O efeito solar imediato sobre
a pele é a hiperpigmentação cutânea com atraso na formação de nova melanina, o
qual é efeito reversível. A exposição solar prolongada e recorrente implica
alterações definitivas na quantidade e distribuição de melanina na pele. A
deposição de material amorfo na derme papilar, no lugar de tecido conectivo, é
o principal elemento na diferenciação de envelhecimento cronológico e
fotoenvelhecimento.
A interação entre as ondas
provenientes da radiação solar e a pele pode ocorrer por meio da ação direta da
radiação sobre as estruturas celulares, cada tipo de onda atua de modo específico a radiação
ultravioleta (UV) penetra na pele e, de acordo com o comprimento de onda,
interage com as diferentes células localizadas nas diferentes camadas. A
radiação de ondas curtas (UVB: 280-315nm) é mais absorvida na epiderme e causa
inibição de síntese de DNA, RNA e proteínas, inibi mitose, tem ação mutagênica
e causa eritema tardio. Seus efeitos crônicos são: danos no tecido conectivo
dérmico e causa estimulo primário para o câncer de pele não melanoma e elastose
solar.
Enquanto as ondas mais longas
(UVA: 315-400nm) penetram de modo mais profundo e atingem queratinócitos da
epiderme e fibroblastos da derme causando eritema imediato, danos na derme,
envelhecimento cutâneo, elastose solar, indução ao câncer de pele.
Mesmo diante de avanços biomoleculares e
promessas cosméticas, a melhor forma de combater o fotoenvelhecimento e suas
consequências é a prevenção. O número de rugas da pele está fortemente
associado às horas de exposição solar durante a vida. Pode-se, então, usar esse
sinal clínico como marcador preditivo de risco de se desenvolver câncer de pele.
O método mais efetivo de prevenir o
fotoenvelhecimento e suas malignidades é evitar a exposição direta aos raios
ultravioleta, fazendo uso de barreiras físicas como chapéu e vestuário
adequado, principalmente nas populações que trabalham diretamente expostas ao
sol, muito comum em nosso país e conscientização do uso diário do filtro solar
é o principal caminho para evitar os efeitos danosos da radiação não só no
retardo da instalação do fotoenvelhecimento, mas, principalmente, na prevenção
de seu efeito mais temido, o câncer da pele.
Na próxima publicação vou falar sobre algumas marcas de protetores que eu ja experimentei.
Referencias
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