sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Malefícios e benefícios do sol na pele.

Malefícios e Benefícios do sol na pele



A radiação ultravioleta (RUV) é responsável por diversos efeitos à saúde humana.

Há uma longa lista de efeitos biológicos, agudos ou crônicos, produzidos pela RUV em humanos. Os efeitos agudos surgem alguns minutos ou horas após uma exposição. Pode ser um benéfico como a produção de vitamina D, que resulta exclusivamente da exposição à radiação UVB, ou malefícios como eritema, bronzeado, imunossupressão, edema, danos à córnea, à retina e ao DNA resultantes da exposição excessiva à RUV. Os efeitos crônicos surgem em longo prazo na forma de doenças como o câncer de pele, a imunossupressão, o envelhecimento precoce da pele. Eles resultam do acúmulo de dose de RUV ao longo dos anos em exposições que não necessariamente foram excessivas. Embora o UVB seja o principal causador desses malefícios, hoje se sabe que o UVA tem também uma importante contribuição.

De todos os efeitos produzidos pela exposição à RUV, o eritema é o mais simples, imediato e evidente. O seu aparecimento depende do tipo de pele e de quanta radiação ela recebeu. Uma classificação baseada principalmente no tipo de pele mostra a capacidade de alguém desenvolver um eritema elou bronzeado a partir de uma exposição à RUV

A exposição à RUV é a principal causa de câncer de pele. Esse malefício em geral o mais temido dentre os efeitos da RUV e pode ser dividido em duas categorias Não-Melanoma (NM) e Melanoma (M) Segundo previsões do Instituto Nacional de Câncer (INCA, 2007), o câncer NM deve representar pelo menos 25% dos casos novos de câncer no Brasil em 2008. Contudo, essa neoplasia possui alto índice de cura completa quando diagnosticada e tratada de forma adequada. Os tipos mais comuns de câncer NM são ocasiona basocelular (CBC) e o carcinoma epidermóide. Ambos são mais comuns em pessoas de pele clara, ocorrendo com maior frequência em regiões do corpo rotineiramente expostas ao Sol como face, braços, mãos, pescoço e áreas adjacentes.

Até recentemente a vitamina D tinha seu papel de agente benéfico definido pela promoção da saúde do tecido ósseo, evitando o raquitismo na infância e a osteoporose na idade adulta contudo, estudos epidemiológicos desencadearam uma torrente de novas investigações e debates em torno da possibilidade dessa vitamina atuar como um preventivo contra alguns tipos de câncer, esclerose múltipla, artrite, hipertensão, resistência à insulina e doenças periodontais. Além disso, pacientes com câncer tipo M que tiveram mais exposição ao Sol apresentam maior resistência à doença, o que se suspeita seja também um efeito de uma maior concentração de vitamina D no organismo. Ainda não há um estudo sistêmico que explique essas observações e comprove a eficácia da vitamina D. 

Contudo, isso sugere um tempo ideal de exposição à RUV que garanta os benefícios de uma concentração adequada de vitamina D no organismo em inimize os diversos malefícios provenientes da exposição crônica é claro que esse tempo ideal é função da incidência local de RUV. A vitamina D é produzida a partir das pré-vitaminas 03 e 02 A produção da primeira é induzida pela incidência de radiação UVB na pele e representa a principal fonte de vitamina D para o organismo. Ela pode ser obtida ainda pelo consumo de peixes oleosos contendo o ácido graxo ômega- 3. A pré-vitamina D2 é produzida em vegetais a partir também da incidência de RUV e só pode ser obtida por ingestão. Então, como o UVB é a principal fonte de vitamina D, a produção da mesma no corpo humano passa a depender dos mesmos fatores geográficos, astronômicos e atmosféricos que modulam a incidência dessa radiação. Assim, por exemplo, em latitudes superiores a 50º não há produção de vitamina D no organismo durante o inverno.

FOTOENVELHECIMENTO

Trata-se de processo cumulativo que depende do grau de exposição solar e da pigmentação cutânea. A pele envelhecida pelo sol apresenta-se amarelada, com pigmentação irregular, enrugada, atrófica e com telangiectasias além de aumentar o grau de elastose cutânea, isto é, as fibras elásticas formam uma espécie de cicatriz embaixo da pele, fazendo a sua superfície perder a textura normal e ter uma aparência mais pesada. É como se houvesse uma fibrose sob a pele tentando suportar a agressão causada pelo sol, consequentemente ocorre o aparecimento de rugas profundas e flacidez acentuada ao mesmo tempo.

As alterações morfológicas resultantes do fotoenvelhecimento são diferentes das do envelhecimento intrínseco, as alterações provocadas pelo fotoenvelhecimento são várias na epiderme, notam-se o adelgaçamento da camada espinhosa e o achatamento da junção dermoepidérmica os queratinócitos ficam envelhecidos e tornam se mais resistentes a apoptose ficando susceptíveis a mutações no DNA o que pode tornar a célula cancerígena. 

Os melanócitos também reduzem alterando a densidade melanocitica o que favorece o surgimento de efélides, hipomelanose, lentigos e nevos.

O efeito solar imediato sobre a pele é a hiperpigmentação cutânea com atraso na formação de nova melanina, o qual é efeito reversível. A exposição solar prolongada e recorrente implica alterações definitivas na quantidade e distribuição de melanina na pele. A deposição de material amorfo na derme papilar, no lugar de tecido conectivo, é o principal elemento na diferenciação de envelhecimento cronológico e fotoenvelhecimento.

A interação entre as ondas provenientes da radiação solar e a pele pode ocorrer por meio da ação direta da radiação sobre as estruturas celulares, cada tipo de onda atua de modo específico a radiação ultravioleta (UV) penetra na pele e, de acordo com o comprimento de onda, interage com as diferentes células localizadas nas diferentes camadas. A radiação de ondas curtas (UVB: 280-315nm) é mais absorvida na epiderme e causa inibição de síntese de DNA, RNA e proteínas, inibi mitose, tem ação mutagênica e causa eritema tardio. Seus efeitos crônicos são: danos no tecido conectivo dérmico e causa estimulo primário para o câncer de pele não melanoma e elastose solar.

Enquanto as ondas mais longas (UVA: 315-400nm) penetram de modo mais profundo e atingem queratinócitos da epiderme e fibroblastos da derme causando eritema imediato, danos na derme, envelhecimento cutâneo, elastose solar, indução ao câncer de pele.

Mesmo diante de avanços biomoleculares e promessas cosméticas, a melhor forma de combater o fotoenvelhecimento e suas consequências é a prevenção. O número de rugas da pele está fortemente associado às horas de exposição solar durante a vida. Pode-se, então, usar esse sinal clínico como marcador preditivo de risco de se desenvolver câncer de pele.

O método mais efetivo de prevenir o fotoenvelhecimento e suas malignidades é evitar a exposição direta aos raios ultravioleta, fazendo uso de barreiras físicas como chapéu e vestuário adequado, principalmente nas populações que trabalham diretamente expostas ao sol, muito comum em nosso país e conscientização do uso diário do filtro solar é o principal caminho para evitar os efeitos danosos da radiação não só no retardo da instalação do fotoenvelhecimento, mas, principalmente, na prevenção de seu efeito mais temido, o câncer da pele.

Na próxima publicação vou falar sobre algumas marcas de protetores que eu ja experimentei.

Referencias
BAUMANN, Leslie. Dermatologia Cosmética. Princípios e práticas, Editora Revinter, São Paulo 2004.

HARRIS, Maria Inês Nogueira de Camargo. Pele estrutura, propriedades e envelhecimento 3º edição. Editora Senac. São Paulo 2009.

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BORELLI, Shirlei Schanaider. ATÉ 120 ANOS. Rejuvenescimento e cosmiatria. EDª Senac São Paulo, São Paulo, 2008.

GUYTON, Arthur Clifton, HALL, John E. Trato de Fisiologia Médica 2º ed. Ed Elsevier. – Rio de Janeiro, 2011.

SILVA, Abel A.. Medidas de radiação solar ultravioleta em Belo Horizonte e saúde pública. Rev. Bras. Geof. São Paulo ,  v. 26, n. 4, Dec.  2008 .



CASTRO, Luiz Claudio Gonçalves de. O Sistema endocrinológico Vitamina D. Arq Bras Endocrinol Metab  São Paulo , v. 55, n. 8 de novembro 2011.